Demissão silenciosa: o que é e quais os impactos na empresa
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Recentemente, ouvimos muito falar do quiet quitting, ou demissão silenciosa, nas redes sociais, nas noticiais, em todo lugar. Mas o que significa esse termo? Como ele surgiu? O que ele pode nos mostrar sobre o mercado de trabalho? Quais os impactos para a empresa? Bom, a pandemia deixou vários rastros por aí e muita coisa […]
Demissão silenciosa: o que é e quais os impactos na empresa
Recentemente, ouvimos muito falar do quiet quitting, ou demissão silenciosa, nas redes sociais, nas noticiais, em todo lugar. Mas o que significa esse termo? Como ele surgiu? O que ele pode nos mostrar sobre o mercado de trabalho? Quais os impactos para a empresa?
Bom, a pandemia deixou vários rastros por aí e muita coisa mudou neste meio tempo. Vivemos em um momento em que o esgotamento profissional, o estresse, o bem-estar do colaborador, o engajamento e a satisfação são assuntos em alta.
Por estes e outros motivos, os modelos de gestão tradicionais não são mais sustentáveis para os profissionais do mercado, principalmente para as novas gerações. E é exatamente por esse motivo que a demissão silenciosa acontece. Só que, este fato acaba trazendo muitos desafios para as empresas e profissionais de RH. Vamos entender melhor o quiet quitting, a seguir.
O que é a demissão silenciosa?
Este termo viralizou no TikTok e significa fazer o mínimo no trabalho. Ou seja, as tarefas que foram combinadas na contratação e o que é esperado de uma função. O quiet quitting acontece quando os profissionais deixam de fazer horas extras, de realizar responsabilidades não remuneradas e sem reconhecimento na empresa.
O verdadeiro intuito da popularização da demissão silenciosa é mostrar que os profissionais, sobretudo os millennials e a geração z, não querem mais se matar de trabalhar para empresas que não os reconhecem. Além de que, muitos começaram a priorizar a vida fora do trabalho e a saúde mental.
Em um dos vídeos postado na rede, o usuário diz que o quiet quitting é quando “você está abandonando a ideia de ir além no trabalho” e “você não está mais seguindo a mentalidade de que o trabalho deve ser sua vida”.
Assim, quando um colaborador passa por uma demissão silenciosa, ele não está, de fato, saindo da empresa, mas sim, deixando de ir além do que esperado. Também vale lembrar que, fazer apenas o esperando não significa diminuir a qualidade das entregas ou a produtividade.
O que podemos interpretar com a demissão silenciosa?
Desde que essa trend começou no TikTok, o assunto se alastrou para todos lados. Muitos profissionais, principalmente os mais jovens, se identificaram e compartilharam do sentimento. Já alguns gestores se mostraram preocupados e frustrados com a ideia.
Só que, não é porque o termo quiet quitting se popularizou recentemente, que ele já não existia no mercado. Mas por que ele apareceu com tanta influência agora? O que podemos concluir com tudo isso? Precisamos entender o que está acontecendo no mundo corporativo e o que a empresa pode fazer neste cenário.
Maria Kordowicz, uma professora da universidade do Reino Unido, tem uma fala que diz muito sobre o momento que o mercado passa.
Desde a pandemia, a relação das pessoas com o trabalho tem sido estudada de várias maneiras, e a literatura tipicamente argumentaria que, sim, a maneira das pessoas se relacionarem com seu trabalho mudou.
Maria Kordowicz.
Por muito tempo, as pessoas acreditavam na cultura do excesso de trabalho. Trabalhar excessivamente era visto como uma qualidade de um colaborador. Mas as coisas mudaram, principalmente as prioridades dos profissionais.
Ao mesmo tempo que, as pessoas buscam qualidade de vida, reconhecimento e desenvolvimento no trabalho, as empresas querem profissionais engajados, dedicados e produtivos.
O que não bate nessa história é que muitas organizações focam apenas nos resultados e não olham para a gestão de pessoa de forma mais humana e estratégica. E o que acontece no final das contas? A demissão silenciosa de muitos colaboradores.
É importante olhar para esse comportamento de quiet quitting como uma forma que os profissionais têm de se proteger do esgotamento profissional, do estresse e da falta de reconhecimento. As empresas podem olhar essa tendência como uma forma de melhorar o ambiente de trabalho e criar estratégias de gestão win-win, ou seja, em que todos sejam beneficiados.
Quais os impactos da demissão silenciosa na empresa?
Antes de falar mais sobre o que os gestores e profissionais de RH podem fazer pela demissão silenciosa, é importante entender quais os impactos que essa tendência trazem para a empresa.
Você deve imaginar que os impactos podem ser bem negativos para a organização. Em alguns pontos, pode ser que sim, mas a demissão silenciosa é, principalmente, um vestígio da realidade.
Mais da metade dos profissionais, no mercado de trabalho, se sentem esgotados. 46% dessas pessoas consideram seus empregos estressantes e 51% passam por burnout. Quando um colaborador tem um comportamento de quiet quitting, é porque o clima organizacional não está bom e, provavelmente, o ambiente de trabalho não está adequado e/ou atendendo suas expectativas.
A questão é que quando o clima não está bom, a produtividade e o engajamento diminuem, o absenteísmo aumenta junto com a insatisfação e a rotatividade dos colaboradores. Só que, o alto turnover e a dificuldade em reter talentos é um dos fatores que mais dão gastos para a empresa, quando o assunto é gestão, e que mais prejudicam a integridade dos times.
Não podemos descartar o fato de que o clima organizacional também influência na marca empregadora e pode ser um grande diferencial competitivo no mercado.
A demissão silenciosa pode ser um sinal para a empresa. Ir além no trabalho pode significar estresse, horas extras, esforços sem retorno. Ou seja, se seus funcionários estão com esse comportamento, é porque, provavelmente, sua gestão de pessoas precisa melhorar.
Agora, olhando para o outro lado da moeda, a demissão silenciosa pode ser algo positivo para os empresa. Como já mencionamos, ir além no trabalho pode significar estresse, horas extras, esforços sem retorno. Ou seja, se seus funcionários estão com esse comportamento, é porque, provavelmente, sua gestão de pessoas precisa melhorar.
Lembre-se, quando um profissional está com a saúde mental e física em dia, ele tem melhores condições para dar o seu melhor e fazer grandes entregas. Além de que, funcionários felizes e satisfeitos também influenciam no clima e nos resultados da empresa.
O ponto principal dessa discussão é entender que o mercado mudou, o comportamento dos profissionais também. Quando a organização cuida da sua gestão de pessoas, provavelmente, seus colaboradores não vão ter se demitir silenciosamente, já que vão estar bem no trabalho.
O que a empresa pode fazer neste cenário?
Bom, qual o cenário ideal? Equilíbrio.
A verdade é que a demissão silenciosa se popularizou nas redes sociais porque os profissionais estão cansados e insatisfeitos com seus empregos. Cabe a empresa olhar para tudo isso que está acontecendo e buscar estratégias de gestão que ninguém se prejudique, no final.
Com o intuito de te ajudar a passar por esse desafio, nós separamos algumas dicas:
#1 Cuide do engajamento da equipe
Profissionais engajados estão sempre envolvidos com propósito e com todas as ações da empresa. Esta é uma forma de conectar os colaboradores e fazer com que eles se comprometam com seus trabalhos. O engajamento também traz um sentimento de pertencimento e satisfação, o que é muito importante para a produtividade e qualidade do trabalho.
#2 Tenha uma boa cultura e um bom clima
A cultura e o clima organizacional precisam andar de mãos dadas, afinal, ambos são os fatores que trazer maior satisfação e bem-estar no ambiente de trabalho.
Uma boa cultura está sempre se inovando e se adequando ao mercado, assim como clima precisa sempre estar alinhado com as expectativas dos profissionais e incentivando bons relacionamentos, uma boa comunicação e condições cômodas de trabalho.
#3 Cuide do bem-estar e da saúde mental dos colaboradores
Você já deve estar cansado de ouvir que colaboradores, quando bem, se esforçam mais e se relacionam melhor no trabalho. Certo?! Pois isto é um fato que precisa de atenção dos gestores. Há várias ações que podem te ajudar nesta missão, o importante é entender quais são as mais adequadas para seus profissionais.
#4 Tenha um canal de comunicação transparente e frequente
Se comunicar com assertividade, transparência e eficiência é a melhor forma de promover um bom clima e, consequentemente, um bom ambiente de trabalho, que evite a demissão silenciosa e a baixa produtividade.
Para isso, você pode trabalhar com ferramentas que promovam uma conversa entre líderes e liderados, como o feedback contínuo e as reuniões one-on-one.
#5 Humanize sua gestão
Na gestão de pessoas humanizada, o foco está nas necessidades do colaborador. Para isso, é preciso observar suas necessidades, criar melhores conexões no ambiente de trabalho e adequar os processos internos com intuito de promover um melhor performance, engajamento, satisfação e resultados.
A gestão humanizada é uma das tendências para os próximos anos no mercado e não é atoa!
O mercado está mudando e empresas que querem manter uma boa marca empregadora, um bom diferencial competitivo, maior atração e retenção de bons profissionais, precisam abrir os olhos e mudar sua gestão interna. Esse assunto da demissão silenciosa foi só uma amostra do que está acontecendo no mercado. Então, independente da discussão que o assunto pode gerar, é preciso agir e buscar estratégias que ajudem a gestão.
Manuela Centeno
Adorei o conteúdo, faz muito sentido!